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Roberto Carlos, O Super-homem?




Entrevista Cultura Urbana

Reportagem de Wesley Luiz Ribeiro


O repórter Wesley Luiz Costa Ribeiro entrevistou o dramaturgo, ator e diretor do Vale Aço Adilson Mariano sobre o novo projeto, intitulado Roberto Carlos, o Super-homem. A entrevista se deu na sede do Grupo de Teatro Entreactos. Adilson Mariano, além de artista e ex-presidente do Conselho Municipal de Cultura de Ipatinga, também é contador e docente universitário na Faculdade Anhanguera e Fagenius. Adilson Mariano está desenvolvendo o texto da peça Roberto Carlos, o Super-homem! Dentro o projeto Dramaturgia: Roberto Carlos, O Super-homem! Aprovado pelo edital 08/2023 – Territórios e Paisagens Culturais apoiado pela Lei Paulo Gustavo repassados pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) de Minas Gerais.


Portal de Cultura Urbana – Adilson, este novo projeto tem alguma relação com o famoso cantor Roberto Calor?


Adilson Mariano – Excelente pergunta, Luiz! As pessoas associam o nome do personagem titulo de minha peça com a emblemática figura do cantor. Porém, afirmo que é uma mera coincidência, nem mesmo as canções são referencias para a construção de nossa narrativa.


Luiz – Então por quê este nome?


Adilson Mariano – Como eu disse, é uma coincidência de verdade. O personagem surgiu no momento em que eu estava desenvolvendo um vídeo para o projeto ACUENDA da Cia Hibridus de Dança. Tratava-se de um personagem que estava incomodado com alguns posicionamentos da sociedade quanto a sua postura como um homossexual não afeminado. As perguntas que lhe eram direcionadas e que sempre o incomodavam. No primeiro rascunho do roteiro, era apena o que me incomoda. Porém, no processo de criação, a equipe Helena Leitão (assistente de direção) e Wendel Gabriel (assistente técnico de produção) sentiram a necessidade de um nome para o trabalho e para a personagem.


Luiz – Como assim?


Adilson Mariano – Vou explicar melhor. No prólogo o personagem começa dizendo que o nome dele poderia ser Antônio, Geraldo, Ricardo.... e outros nome e então entrava na temática do que lhe incomodava. O primeiro nome que veio foi Roberto Carlos, mas poderia ser qualquer outro. Sinceramente, no inicio nem pensamos no cantor, mesmo porque eu tenho um primo que chama Roberto e pensei que seria até uma homenagem a ele (que por sinal não é gay).


Luiz – A peça já está pronta? Porque você está dizendo em vídeo, ela já foi encenada?


Adilson Mariano – Deixe-me explicar. No período pandêmico participamos de um edital de produção de vídeos e somos selecionados. O nosso trabalho foi Roberto Carlos Em O que Me Incomoda. No ano seguinte concorremos no edital de cenas curtas do Casa Laboratório com uma cena “Roberto, Carlos O Super-Homem!”. Os vídeos postados no yotube e no Reels tiveram e ainda continuam tendo grande número de visualizações. Além do mais, as pessoas que conhecem a cena curta começaram a solicitar um espetáculo maior com este personagem.


Luiz – Que bom para um personagem.


Adilson Mariano – Sim. As vezes eu encontro pessoas que não conheço. Elas se aproximam e me perguntam se eu sou o Roberto Carlos da peça. Acredito que devido ao fato do personagem falar sobre a ausência de referencia, algumas pessoas se identificam com ele.


Luiz – Então, este novo trabalho é a ampliação da história?


Adilson Mariano – Não vou dizer que é a ampliação de uma história linear. Eu até pensei em estruturar o texto em uma dramaturgia clássica de uma história. Porém, algumas pessoas que de fato gostam do personagem estão mais interessadas em ouvir o que ele tem a dizer, do que na própria história dele, se é que você me entende.


Luiz – Ficou confuso, então não vamos ter a história do Roberto Carlos?


Adilson Mariano – Sim, vai ter a história do Roberto Carlos. A peça começa com ele atendendo ao telefone e recebendo a noticia que o avô morreu, a partir deste momento ele compartilha com a platéia a importância deste evento em sua vida. Inclusive, um dos leitores testes, na primeira leitura, pediu que eu demonstrasse na narrativa como o personagem se tornou em uma pessoa tão imponderada, praticamente um super-homem. É uma construção narrativa complexa em que os elementos devem ser trabalhados para contar a história de como ele se torna o super-homem.


Luiz – Acompanho o seu trabalho desde muito tempo. Você sempre trabalhou escrevendo peças clássicas e algumas cômicas sem levantar nenhuma bandeira. Seus livros (Bombyx; Hominie Fragile; E, Por Falar em Pessoas) não podem ser considerados como obras LGBT+, porém, percebo em A IRIS POR DETRÁS DO ARCO e agora ROBERTO CARLOS, O SUPER-HOMEM você como escritor está enveredando para um nicho. É isso mesmo? Pretende se tornar um escritor apenas deste universo?


Adilson Mariano – Luiz, é muito complicado responder esta pergunta. Escrevo desde os 16 anos. Minhas peças e livros abordam diversos universos, inclusive o LGBT+. O engraçado que quando escrevi a Mandragora, ninguém me perguntou se a Gioconda sou eu. Ninguém me perguntou se eu sou algumas de minhas personagens femininas ou masculinas em nenhum dos livros anteriores. Agora que escrevi A Iris e agora estou trabalhando em O Super-homem, as pessoas estão me perguntando se é sobre a minha vida, e principalmente, se eu sou o Roberto Carlos. Isso é chato pra caramba, sou um escritor, sou um artista, cada um dos meus personagens podem ser reflexos de alguma experiência que eu tenha vivivo, mas eles são ficcionais. Muitos personagens são inspirados em fatos reais de jornais, de pessoas próximas, mas eu não faço jornalismo. Minha crônica é ficcional. Não, Roberto Carlos, O Super-Homem não é o Adilson Mariano. Somos pessoas distintas. Assim como em qualquer texto, o autor se imprime e neste não seria diferente. Após todo o processo de Roberto Carlos, O Super-Homem, pretendo iniciar a escrita de outro livro que é “Noticias Incríveis de Um Mundo Fantástico”, que não tem nada a ver com mundo LGBT+.


Luiz – Podemos aguardar a estréia para quando?


Adilson Mariano – Não haverá estréia. O projeto é para a escrita dramatúrgica. Ao terminar o processo da escrita, a mesma irá passar pelo processo de revisão e na seqüência encaminhada para a editora. Faremos o lançamento com uma leitura dramática, mas ainda não resolvemos se a leitura será feita por mim, ou por um ator convidado.


Luiz – Seria muito bom se fosse com você. Eu adorei a cena curta e também estou curioso para conhecer um pouco mais sobre o Roberto Carlos, que não é o cantor, mas o Super-homem.


Adilson Mariano – Fico lisonjeado! Mas futuramente, pretendemos fazer a montagem do texto, mas isso é outra história.


Luiz – Tem previsão para o lançamento?


Adilson Mariano – Ainda não podemos definir, pois estamos na pré-produção, as tudo indica que será entre junho e julho de 2024. É importante destacar a nossa equipe: Adilson Mariano (Dramaturgo); Helena Leitão (Revisora); Michel Henrique (Produtor Cultural); Wendel Gabriel (Assistente de Produção) e Carlos Passos (Elaborador do projeto).

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